terça-feira, 7 de junho de 2016

O Retorno de Inanna - 2ª Parte - XI e XII

V. S. Ferguson

O Retorno de Inanna 
2ª Parte
Capitulos XI e XII

XI.- A CORTINA

Inanna e Melinar procuraram cuidadosamente Atilar em suas consciências. Ele era tão bom em projetar-se a si mesmo para outras realidades que era difícil lhe seguir o rastro. Ele se retirava continuamente para visitar às pessoas que aparecia do líquido: os Liquidianos, como lhes dizia ele. Estava fascinado com seu estado fluido, e eles por sua vez estavam interessados em seu conhecimento dos objetos duros, ou seja, os cristais.

Inanna se interessava mais e mais no progresso de seu Eu multidimensional. Ela sabia que no ano 2011 terminaria o acordo contratual entre o Conselho Intergaláctico e Marduk, o tirano pleyadense. A Terra começaria a dividir-se em pelo menos duas realidades e só aqueles humanos que tivessem superado a quarta e quinta dimensão, teriam a capacidade de afastar-se das freqüências tirânicas do professor réptil, Marduk. Se ao menos a família o tivesse deixado morrer quando Inanna o enterrou vivo na Pirâmide de Gizé. Desde esse dia, Marduk levava consigo seu ódio por Inanna por todo o planeta Terra e deliberadamente procurava escravizar e degradar às mulheres, especialmente às sacerdotisas de seus templos, devido ao que elas ensinavam. Durante os últimos milênios a Terra tinha sido um triste aviso da degradação da deusa e de sua sabedoria.

Um dos Eu multidimensionais da Inanna tinha sido uma formosa jovem que viveu na Espanha durante a Inquisição. Chamava-se Raquel e nasceu dentro da fé judia. Inanna pensou que tinha tido precaução no caso de Raquel pois somente lhe tinha outorgado poderes de cura. Não era que tivesse tantos poderes para converter-se em uma ameaça ou fomentar uma revolução. Não, Raquel era uma garota doce, singela e inculta, cujo toque e proceder freqüentemente curava os doentes. Mas isto foi suficiente para que a Inquisição a acusasse de ser uma bruxa, servidora do demônio. Arrastaram-na a uma prisão e a torturaram brutalmente antes de queimá-la no madeiro.

Quando a Graciela mostraram os dados de Raquel, suplicou que não lhe mostrassem o que tinham feito a ela. Seus verdugos se obcecaram com seus próprios demônios enquanto torturavam a esta garota inocente. Logo a vestiram de branco para indicar que a tinham desencardido e por último a levaram ao madeiro. Quando acenderam o fogo a seus pés, baixaram três anjos e tiraram Raquel de seu demolido corpo. Liberaram-na da dor que implicava o que a queimassem viva. No planeta Terra muitas mulheres passaram por isso. Dentro de suas memórias celulares ficaram escondidos estes temores. A Graciela a perseguiam momentos fugazes desta experiência.

Inanna sabia que todos os seus Eus teriam que contribuir à transformação da Graciela. Ela queria que Graciela encarnasse a sabedoria e conhecimento dos outros, homens e mulheres. Inanna chamou Atilar quem lhes estava dando aos Liquidianos uma conferência sobre os cristais.

"Eu, Atilar, sou um Guardião dos Cristais. Eu sirvo à Luz e me comunico com os Guardiães da Evolução". Atilar sabia agora que esses guardiães eram Inanna e Melinar. Ele continuou seu bate-papo aos Liquidianos. "No tempo de minha existência, o conceito fundamental de adoração era a luz, não uma pessoa, um deus ou um objeto. A luz se encontra em cada parte da existência. A luz interior, assim como a luz que se reflete ao exterior, percebia-se como o coração da vida e se venerava como tal.

"Os cristais simbolizam muitas coisas. Relacionam-se com a luz em várias ondas sutis. São sistemas de reação à luz, ao calor e à energia. Igual aos computadores pequenos, os cristais se podem usar para armazenar informação e também se podem programar a um nível mais sutil, mais psíquico. A propensão natural para uma estrutura atômica harmoniosa lhes permite transmitir e sugerir diferentes estados de consciência, tais como a criatividade e a cura, através da harmonia, a polaridade e a energia.

"Os cristais também podem representar experiências de cor armazenada e portanto têm o poder de recordar a memória visual de várias experiências. É só a variável de qualidade e forma destas experiências o que possibilita os infinitos de diferenças. Tudo é verdade. Cada expressão leva dentro a luz".

Inanna interrompeu: "Atilar, os Guardiães da Evolução lhe convocam ao ponto focal central".
Atilar se desculpou com seus novos amigos. Estava muito ansioso de aprender sobre eles e de como eles poderiam converter-se em líquido. Despediu-se deles e no pensamento se projetou para o lugar de onde vinha a voz da Inanna.

"Me alegro de estar em sua presença outra vez, formosa dama. Onde está o que chamam Melinar? Suas formas geométricas recordam a meus cristais". Atilar encontrou Melinar que estava começando a mudar rapidamente, como era seu costume quando estava emocionado. Melinar fundiu sua consciência com a do Atilar. Graciela ainda dormia, mas em seu estado de sono estava sentada em atitude absorta enquanto todos os Eus da Inanna se juntavam em um só estado de consciência.

Melinar começou a falar enquanto seus brilhantes zumbiam: "O Primeiro Criador é a Fonte de toda Vida. O fogo do Criador é o líquido que corre por todos os seres e lhes dá energia. Enquanto que nenhuma experiência carece de valor, o recordar e experimentar a reunião com o Primeiro Criador deve vir finalmente de dentro. As experiências no contínuo tempo/espaço e no plano material o atam a uma cadeia de causa e efeito dessas experiências. O Primeiro Criador é o que está dentro, e não depende de nenhuma forma ou estrutura externa, as quais também são Primeiro Criador. O ser que sabe esta verdade é posto em liberdade, porque de quem ou inclusive do que pode ser dono quando sabe que a fonte de tudo está dentro de ti?

"As leis que governam os laços de energia são corretas e úteis nos planos materiais. O átomo se mantém unido mediante as leis da polaridade: a carga elétrica positiva do próton, a carga neutra do nêutron e a carga negativa do elétron. No campo da biologia, as polaridades como a vida e a morte, o princípio e o fim, traduzem-se em limitação, contração e finalmente a ilusão da morte. Em términos de psicologia, as leis da materialização dão origem ao ego. O ego é uma entidade fictícia que possui as sensações de temor, vulnerabilidade e uma necessidade de proteger-se e defender-se a si mesmo. No momento em que o ego da personalidade se identifica com qualquer estrutura de pensamento, busca conservar essa identidade assim como a rocha procura ficar como uma rocha.

"Com o fim de manter sua identidade com a estrutura de pensamento escolhida, o ego imediatamente começa a definir sua identificação com a de outros egos. Por isso começa a produzir sistemas de julgamento intermináveis para poder apoiar essas identidades fictícias. À medida que a personalidade continua com suas definições, esquece-se de sua verdadeira natureza e começa a viver no temor de perder essa identidade fictícia que realmente nunca teve. Desta maneira, o Primeiro Criador joga escondido consigo mesmo.

Melinar pôde falar desta maneira pelo que se podia perceber como uma quantidade de tempo interminável em términos terrícolas. Mas para ele, este tipo de expressão era gozo puro e seus brilhantes nunca pareciam cansar-se.

Quando despertou de seus sonhos, Graciela recordou um poema que tinha lido fazia muitos anos e que não tinha esquecido. Normalmente ela não recordava os versos, mas este poema sempre tinha permanecido perto de seu coração. Foi escrito por um professor Sufi, Mahmud Shabistari, no século XIV, d.C. O poema falava da beleza do rosto do amado, o qual permanece vívido sob a cortina de cada átomo.

Graciela sempre se imaginou que levantava a cortina de um átomo e que ali o veria, esse algo enganoso que tinha desejado toda sua vida. A beleza curadora de "o rosto do amado", faria-a sentir-se plena outra vez e poderia recordar. Graciela sentiu que essa época se estava aproximando. Sentia uma grande diferencia desde que tinha chegado à montanha, era como se todo seu corpo estivesse borbulhando e trocando, como se estivesse mudando.

Estar sozinha em Montanha Perdida estava ajudando a Graciela a encontrar seu caminho de volta a casa.

XII.- VOANDO NO TIBET

À luz do amanhecer, Graciela observou como saía o vapor de uma taça de delicioso café. Estava sentada na janela contemplando a luz da alvorada que já se estendia sobre as aprazíveis Montanhas Olímpicas cobertas de neve.

Tudo era tão antigo e formoso. Ela já estava aprendendo a permitir que o silêncio a enchesse. Só se escutavam os sons crepitantes do fogo e de vez em quando o latido dos cães aos coiotes. Montanhas cobertas de neve, os céus estrelados da noite, bosques de cedro entupidos e flores silvestres que cobriam seu pequeno vale, eram experiências novas para a Graciela e ela desfrutava delas a cada momento. Pensava que um somente pode sentir a natureza quando está sozinho. Por que sempre precisava contar a alguém o que tinha visto?

Enquanto desfrutava de seu café, meditava sobre o que estava aprendendo. Tinha esperado tanto para que chegasse esta ocasião. Em sua vida houve muitos professores, alguns maravilhosos, outros nem tanto. Pensou no monge tibetano com o que tinha estudado anos atrás. Nesse então ela não compreendeu o que lhe ensinou. Uma vez ele transpassou seu braço por uma mesa, como se não houvesse nada sólido, para lhe mostrar a essência enganosa do mundo material. Ela realmente não compreendeu mas tinha desejado entender e, quando decidiu ir a outro lugar, deixou-lhe um desenho confuso para lhe agradecer sua sabedoria.

Mais tarde se uniu a um ashram. O professor tinha crescido na Índia e tinha vivido em um ashram bastante conhecido lá. Ela esteve feliz por um tempo, pois era algo maravilhoso estar rodeada de outros cujo único desejo era compreender o significado da vida e que não se burlavam de seu desejo de obter esse conhecimento. Durante suas meditações, de vez em quando experimentava a sensação de ser uma com a vida e com a criação. Mas muito rapidamente se deu conta de que seu professor se estava apaixonando por seu próprio poder e já Graciela não podia explicar o comportamento excêntrico do professor.

Um dia, enquanto estava sentada em um salão enorme com centenas de outros discípulos, sua voz interior, esse saber interior silencioso no que tinha chegado a confiar durante os anos, disse-lhe que partisse e nunca retornasse. Isto foi uma sacudida para ela e sentiu pesar, mas se foi para casa.
Lá só caminhava daqui para lá em sua cozinha tratando de compreender por que sua voz interior lhe havia dito que partisse. Estava confusa e não queria deixar a seus amigos. A voz lhe disse em um tom alto e claro: "BOTAS!" Graciela ficou totalmente confundida. Botas? O que queria dizer isso? Então começou a recordar.

Quando tinha sete anos tinha ido a um acampamento de verão. O primeiro dia houve uma iniciação. Todos se reuniram e o chefe do acampamento propôs uma adivinhação: "O que é botas sem sapatos?” Graciela ficou horrorizada, por temor de não saber a resposta e de que as outras meninas pensassem que ela era estúpida e não a aceitassem. Ela se escondeu na parte posterior do grupo. As meninas repetiam "expulsa sem sapatos!" como se fora um canto até que quase todas elas adivinharam a resposta.

Por fim lhe veio a resposta, que era é óbvio "botas!" Graciela começou a rir; a adivinhação era tão singela. Sua voz lhe dizia que era seu temor não compreender o que dificultava as coisas e que simplesmente confiasse em si mesmo; todos os ensinos sairiam de dentro dela. Já Graciela tinha aprendido tudo o que necessitava do ashram e era hora de que procurasse algo novo. Já podia confiar em seu guia interior, sabendo que ela era parte da vida, parte do Primeiro Criador. As respostas tinham estado dentro dela desde o começo.

Na parte superior de Montanha Perdida, Graciela riu de novo de "expulsa sem sapatos". Seus guias às vezes eram engraçados e de vez em quando travessos, mas no profundo de seu coração, ela sabia que podia confiar neles. Contemplou as Montanhas Olímpicas; a luz do sol descia por elas com uma cor rosada e dourada. Pensou que sempre tinha sentido medo das alturas.

Choje Tenzin chegou ao monastério no Tibet quando só tinha sete anos. Seus pais não podiam mantê-lo e era o último de nove filhos. Chorou quando o deixaram na entrada, mas não se podia fazer nada, e seu pai o golpeou quando tratou de correr atrás deles. O monge que veio a recolhê-lo o levou a um salão onde havia centenas de outros moços. Havia muito alvoroço no recinto, os moços conversavam, seus pratos tilintavam sobre os pisos de pedra. A Tenzin deram um tigela de chá quente com manteiga e o deixaram para que se valesse por si mesmo.

Durante os primeiros anos se sentiu terrivelmente solitário; ele era um menino delicado e sensível. Quando estava em casa, suas irmãs o tinham mimado com o pouco que tinham e lhe tinham mostrado muito afeto. Ele estava muito só e os outros moços se mofavam de sua debilidade física até que se deram conta de que Tenzin desenhava muito bem. Este monastério particular estava dedicado a produzir pinturas tântricas, e todo aquele que mostrava um talento especial era digno de muito respeito. Enviaram ao Tenzin o Professor de pintura para que o treinasse nas técnicas e rituais da arte tibetana.

Lin Pao, o Professor, era um homem de grande beleza física e refinamento. Se falava que vinha de uma família muito rica e aristocrática da China. Chegou ao Tibet para dar uso a seus grandes talentos. Era respeitado como o melhor pintor dos tantras tibetanos.

A princípio Tenzin não recebeu ensinos de Lin Pao, mas depois de muitos anos como aprendiz, lhe permitiram estudar com o grande professor. Durante horas Tenzin observava as mãos delicadas e fortes de Lin Pao que habilmente executavam linha e cor. Tenzin adorava a seu professor. Em realidade ele estava profundamente apaixonado por seu professor. Era só natural que um moço tão solitário chegasse a albergar tais sentimentos por alguém tão grandioso como Lin Pao, mas ditos sentimentos eram proibidos e permaneceram em segredo.

O fato de que Tenzin fora considerado como um artista talentoso não o eximia das rigorosas disciplinas do monastério. Assim também recebia as lições de abster-se de comida e calor, as horas de permanecer totalmente imóvel em posições de meditação e as artes marciais.

Havia uma meta disciplinadora que preocupava a todos os estudantes. A um grupo seleto de noviços lhe ensinava a elevar sua energia até o ponto de que podiam desafiar a gravidade e aprender a voar. Eles passavam anos aperfeiçoando esta técnica situados a bordo dos penhascos na parte mais alta do monastério. Lin Pao não somente era um grande artista, também tinha a habilidade de voar dos penhascos sem perecer. Tenzin estava decidido a aprender com o fim de agradar ao Lin Pao.

Dizia-se que o segredo da arte de voar estava em um enfoque ininterrupto. Muitos monges passavam anos preparando-se para seu primeiro intento e muitos caíam à morte. Acreditava-se que todos retornavam à vida; inclusive se um monge falhava, podia reencarnar, retornar ao monastério e persistir em seu intento.

Era um dia frio e açoitado pelo vento. Tenzin e outras almas valentes estavam sentadas nos penhascos designados quando chegou Lin Pao. É obvio, Tenzin queria impressioná-lo. Invocou sua máxima concentração e de uma forma apressada decidiu tentar o vôo. Ficou de pé e enfocou toda sua vontade, mas quando deu seu primeiro passo ao precipício, a confusão que o tinha motivado também distraiu sua concentração. Sentiu que o amor reprimido que sentia pelo Lin Pao diluiu o poder de sua vontade e Tenzin caiu no precipício. Seu corpo se estatelou contra as rochas que havia abaixo.

Quando a consciência de Tenzin flutuava por cima da concha que tinha sido seu corpo, olhou ansiosamente a seu ídolo Lin Pao. Envergonhado, nem sequer se atreveu a despedir-se.

A Graciela parecia que todas as suas vidas tinham terminado sem esperança, mas Inanna e Melinar lhe explicaram que cada vida era uma provisão de experiência e informação. Graciela e todos os outros eram a soma total de cada um; compartilhavam a sabedoria e o conhecimento que cada um tinha adquirido de uma forma tão dolorosa.

Inanna mostrou a Graciela como Tenzin tinha contribuído a seu ser. A sabedoria do Tibet era um dos últimos lugares fortes da verdade em seu tempo. Ela sempre se havia sentido impulsionada a procurar a verdade e sempre quis ir ao Tibet. Até estudou com um monge tibetano. A afinidade instintiva da Graciela com os ensinos tibetanos e a arte lhe tinham proporcionado muito discernimento e lhe tinham permitido liberar-se das limitações de sua própria formação cultural. A habilidade do Tenzin para a pintura lhe tinha chegado a Graciela e tinha reconhecido milagrosamente ao Lin Pao como seu melhor professor na escola de artes onde tinha estudado em Nova Iorque. Bom, e se a deixaram com um resíduo de temor às alturas? Ela podia superá-lo.

Graciela pensava que para a Inanna e Melinar era muito fácil dizer que isto se podia superar. Para ela eles realmente não estavam em corpos físicos embora diziam que estavam. Graciela ainda não via muito bem aonde levaria tudo isto. Em meio de sua aprendizagem, de vez em quando sentia a necessidade de iludir-se vendo televisão ou saindo às compras. Mas, aonde poderia uma garota ir às compras em Montanha Perdida?

Graciela foi a sua biblioteca. Por Deus, que quantidade de livros. A última vez que se mudou, inclusive os empregados da mudança se desalentaram ao ver o volume de sua coleção. Sua biblioteca estava repleta de toda classe de raridades, desde Tolstoi até o Lao Tzu, desde economia até os OVNIS; toda classe de temas havia em sua biblioteca.

Sua atenção caiu sobre um livro que gostava fazia muitos anos. O livro tinha sido escrito em 1949 quando Graciela tinha só quatro anos. Em 1969 tratou de lê-lo. Nesses dias seu cabelo ía até a cintura, e sua roupa se formava de duas camisetas e uma saia de algodão feita na Índia. Era muito emocionante estar em Nova Iorque com tantos outros jovens que acreditavam poder mudar o mundo. Graciela tinha lutado por compreender este livro, mas nesse tempo não tinha tido a suficiente experiência da vida para compreender seu significado. Agora enquanto o tinha em suas mãos lhe parecia muito claro o que o autor estava dizendo.

O universo é um sonho holográfico projetado como um pensamento dentro da mente de Deus, e só nossas percepções individuais das freqüências rítmicas relativas e variantes faziam ao mundo parecer real. O autor continuou falando sobre como é possível ir mais à frente do tempo ordinário, ir ao passado ou ao futuro, e inclusive passar até além da dimensão manifesta.

Graciela compreendeu que isto era exatamente o que ela estava fazendo. Ela era seu outros Eus no tempo de seus dados e, simultaneamente, Inanna era todos eles, incluindo a Graciela. O tempo não existia, exceto como um pensamento que lhe permitia à existência jogar a si mesmo no espaço. Graciela tinha tomado consciência da realidade secreta do mundo aparente e tinha escapado das leis que a sujeitavam à ilusão do tempo.

Graciela pensou que se o Primeiro Criador era todas as coisas, então Marduk também devia ser parte da comédia divina, uma parte do Primeiro Criador. Melinar estava extremamente feliz de que Graciela pudesse abrigar este pensamento. Ele compreendeu que assim como o papel da Inanna era lutar contra Marduk, também era o destino deste ser exatamente como era, porque o Primeiro Criador era todas suas partes variáveis, que se movem no fluxo do tempo para examinar-se a si mesmo, para expressar-se e para experimentar, para jogar. À medida que Graciela era mais capaz de interatuar com seu outros Eus multidimensionais, podia assimilar mais dados e mais sabedoria e maior era sua oportunidade de ativar o DNA divino de seu corpo: os códigos genéticos que se perderam faz tanto tempo.

Melinar abraçou a Inanna como melhor pôde. Ainda havia muito por fazer, mas estavam progredindo.

Continua...

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