sexta-feira, 3 de junho de 2016

O Retorno de Inanna - XI e XII

V. S. Ferguson

O Retorno de Inanna 

Capitulos XI e XII



XI.- GILGAMESH

No sistema solar pleyadense nós somos recoletores de informação para o Primeiro Criador. O Primeiro Criador é e nós somos enviados a reunir experiências no tempo e o espaço. Vocês poderiam me julgar com apoio nas normas de seu mundo, mas eu nunca me julguei mesma; eu simplesmente estava vivendo e aprendendo. Se uma experiência não era satisfatória, seguia com outra.

O Primeiro Criador manifesta uma "matriz de matrizes" a que chamamos Deusa Mãe e a partir dela se originam muitas outras fontes de criação. Uma multidão de seres elevados criam os Pensamentos. Estes se convertem em som o qual a sua vez flui a seu próprio nível de freqüência e manifesta as realidades.

Minhas aventuras foram parte de todo o movimento que tinha sido criado antes de mim. Eu venho de uma linhagem: eu sou o Primeiro Criador, a Deusa Mãe e também sou meus antepassados antigos de outras dimensões e sistemas. Sou parte de Anu e Antu, sou Enlil e Ninhursag e levo os meus próprios pais dentro de mim. A consciência de tudo o que veio antes de mim a expresso em meu poder para criar.

Naquela época na Terra eu não via que minhas ações pudessem machucar aos Lulus e a suas futuras gerações: vocês. Certamente não sabia que esse dano retornaria a minha vida e construiria a Parede.
Depois de que Anu me outorgou o direito de conceder a monarquia, eu voava entre o Uruk e o Vale do Indo. Através de minhas rotas de comércio havia um fluxo abundante de grãos e outros produtos, minhas sacerdotisas se faziam mais ricas cada dia e todo mundo era feliz. Não obstante, eu seguia sem marido.

Estava nas mesmas condições que minha tia/avó Nin. Não via nenhum candidato apto para me casar. Durante os anos via como Ninhursag ficava mais retraída e rígida. Eu não queria terminar como ela. Não sou o tipo de solteirona e me sentia como um canhão solto em coberta. Eu era tão formosa e somente um pouco desumana. O que era o que tinha que fazer?

Com o fim de solucionar este pequeno problema, resolvi combinar o ritual da monarquia com o do matrimônio sagrado. Nesta cerimônia tão formosa, o futuro rei se convertia em meu marido por uma noite. O templo era coberto de flores e banhado com a luz das velas. O aroma das flores e os sons de bela música enchiam os salões do templo. Vestiam-me com sedas, coroavam-me com uma tiara de ouro e os sacerdotes e sacerdotisas me conduziam à cama sagrada onde esperava meu amado.

Desta maneira tive muitos filhos e dava origem a muitas linhagens reais a partir destas cerimônias. Eu, que não tinha marido verdadeiro de minha própria raça, podia desfrutar da cerimônia de bodas uma e outra vez. Entre os Lulus era muito popular a cerimônia do matrimônio sagrado, motivo pelo qual eles me amavam muito e eu obtive poder sobre as cidades.

Este costume de ter filhos com os Lulus era muito comum entre os homens da família de Anu. Enki perdeu a conta de quantas amantes tinha tido ou quantos filhos tinha engendrado. Meu pai Nannar e meu irmão Utu não eram diferentes. Eu simplesmente lhe dava forma a uma prática comum e a converti em um ritual detalhado. Esta cerimônia do matrimônio sagrado me converteu na pessoa mais apreciada pelos Lulus.

Dita cerimônia também me permitiu formar homens suficientemente capazes para que me chamassem a atenção. Eu lhes transmitia conhecimento, sabedoria e magia. A maneira mais segura de transmitir estas freqüências se encontra no ato de união sexual executado com a consciência mais elevada e uma concentração profunda. Eu sou uma perita nestas coisas e muitos homens se beneficiaram destas iniciações.

Por meio de minha infusão genética, o DNA dos Lulus se fortaleceu e se amplificou. Sem sabê-lo também eu atei às linhagens de milhares de seres humanos e por todas as suas vidas futuras. Meus gens se infiltraram em um rio de pessoas e sem eu mesma sabê-lo estava me convertendo em parte deles.

Já sabem como é isso; a gente está sentado por aí um pouco aborrecida esperando que passe algo emocionante e, por sincronia é atraído a um novo mundo, sem nenhum pensamento consciente quanto aonde irá. A promessa de uma experiência nova e fresca o atrai e fica apanhado na rede do tempo. Desta mesma forma eu estava para sempre atraída pela vida da Terra e pelas vidas de seus habitantes.

Meu irmão Utu estava felizmente casado com sua esposa, Aia, e de vez em quando eu os visitava. Utu e eu estávamos muito unidos e sei que ele me quer, mas se mantinha muito ocupado com os transportes da Terra para a estação espacial e escassamente tinha tempo para nos ver. Aia estava muito ocupada com seus filhos, suas escolas e sua roupa. Ninurta e sua esposa, Gula, estavam na mesma situação. Gula não falava de outra coisa que de seus meninos.

Ninurta tinha tantas obrigações que não tinha muito tempo para ver sua esposa. Eu admirava a estas mulheres por sua dedicação a seus filhos, mas isso não era suficiente para mim. Não via a hora de retornar aos templos para me informar sobre o movimento comercial. A cerimônia do matrimônio sagrado me deu a liberdade de desempenhar meus cargos e de desfrutar dos prazeres de muitos maridos e muitos filhos.

Minhas cerimônias atraíam homens de todos os lugares do mundo. Eu estava acostumado a observar os homens que entravam nos templos e indagava sobre suas capacidades e inteligência e me acostumei a escolher os melhores. Então um dia conheci um homem que rechaçou minhas propostas: Gilgamesh!

Meu irmão Utu o tinha convertido no quinto governante da dinastia de Uruk. Nesse tempo eu estava em uma viagem de negócios no Vale do Indo e meu irmão Utu estava ansioso para conceder a monarquia a Gilgamesh. Utu o estimava muito porque ele pertencia a sua linhagem. Numa época, Utu sentiu uma grande atração por uma das sacerdotisas de meu templo e esta união produziu um menino varão que era tão apetecível que por sua vez se uniu com uma dama nibiruense. Seu filho era Gilgamesh e sustentava que era dois terços Deus e um terço humano, asseveração que segundo eu, lhe dava certos direitos.

Gilgamesh era extremamente formoso, o que vocês chamariam "um homem e tanto". Era muito popular entre as pessoas, todo mundo o queria, e Utu estava encantado com este rei herói que levava seu sangue nas veias.

Como era muito inteligente, Gilgamesh começou a aprender tudo o que podia sobre a história da Terra e a família de Anu. Quanto mais aprendia, mais o obcecava a idéia da morte. Gilgamesh não queria morrer. Depois de tudo, raciocinava, ele era dois terços Deus e portanto deveria ser imortal como Utu e os outros deuses. Rogou a sua mãe e a seu avô que o ajudassem. Utu basicamente lhe disse que esquecesse o assunto, que os outros deuses não o permitiriam e que devia desfrutar do tempo que lhe tinha atribuído.

Consternado e deprimido, Gilgamesh começou a beber em excesso. Exagerou na comida, na bebida, no sexo e se tornou briguento. Estava desesperado por esquivar a idéia do temor à morte. Seu comportamento excêntrico e seus ímpetos violentos interrompiam o fluxo de vida normal em Uruk.
Os deuses pensaram que teriam que fazer algo para acalmá-lo. Gilgamesh necessitava de um companheiro, e no deserto vivia um homem chamado Enkidu, que era um dos experimentos genéticos de Enki e um êmulo em força física para Gilgamesh. Os deuses decidiram capturar Enkidu para que servisse de companhia a Gilgamesh.

Enkidu ainda era um selvagem e estava em um estado inocente de telepatia com os animais das estepes e dos bosques. Com o fim de capturar a Enkidu, os deuses o enviaram a uma de minhas sacerdotisas para que o seduzisse. Ele nunca tinha visto uma mulher tão formosa. Enfeitiçado por seu corpo sedutor se deixou vencer pela paixão e copulou com ela uma e outra vez. Durante sete dias e noites Enkidu se perdeu no mar de sua beleza e em um transe de paixão enlevada. Quando finalmente esteve satisfeito, foi procurar a seus animais amigos mas eles já não o reconheciam e, quando tratou de aproximar-se, eles fugiram no meio do temor. Enkidu tinha mudado para sempre.

Como se sentisse sozinho e perdido, sem onde ir, o pobre Enkidu timidamente seguiu a sacerdotisa para Uruk, onde foi entregue ao Gilgamesh. Começaram sua amizade com uma luta, examinando o alcance da força de cada um. Quando Enkidu provou que era um êmulo para o Gilgamesh, os dois se uniram fraternalmente.

Gilgamesh compartilhou seu temor à morte com seu novo amigo. A compaixão de si mesmo que expressou Gilgamesh levou Enkidu às lágrimas e lhe falou sobre um lugar que ele tinha encontrado com as gazelas na Terra dos Cedros, a morada secreta dos Deuses. Ali Gilgamesh poderia exigir a imortalidade. Enlil tinha criado um horrível monstro chamado Humbaba para que vigiasse seu domínio, a Terra dos Cedros. Enkidu disse a Gilgamesh que para conseguir entrar na morada teriam que lutar com Humbaba. Emocionados pelas expectativas de um novo desafio, os dois partiram muito animados.

A morada dos Deuses existe em uma dimensão diferente a da Terra mas se pode entrar através de um portal do tempo que está situado na Terra dos Cedros. A Terra vibra a uma freqüência diferente de Nibiru e nós podemos entrar na vibração da Terra unicamente através de ditos portais, posto que são as portas para viajar entre dimensões. Humbaba era um monstro holográfico que escondia uma arma mortal que protegia esta entrada. Nós, como pleyadenses, devemos retornar com regularidade a nossa própria freqüência de tempo, de outro modo envelhecemos à mesma velocidade com a que o fazem os humanos. Como um ano em Nibiru equivale a 3.600 na Terra, para vocês somos imortais.

Do céu Utu e eu observamos como Gilgamesh e Enkidu se aproximavam do portal do tempo e começavam a atacar à Humbaba. Impressionou-nos tanto sua coragem que decidimos acabar com o holograma e lhes fizemos pensar que tinham decapitado ao monstro. Logo os enviaríamos de retorno a Uruk como se não tivesse passado nada.

Pensando que o monstro estava morto, Gilgamesh e Enkidu jaziam extenuados ao lado de uma corrente. Gilgamesh estava muito suarento da batalha e tirou a roupa para banhar-se. Vá! Era tão formoso, tinha uma larga cabeleira negra e um corpo tão escultural; irradiava tanta virilidade, que me invadiu o desejo. Queria estar com ele.

Da minha nave que flutuava sobre ele, gritei: "Oh, Gilgamesh, desejo sentir seus fortes braços ao redor de minha magra cintura e me deleitar nos gozos prazenteiros de sua virilidade". Também lhe ofereci terra e riquezas, poder e fama; o usual.

Podem imaginar minha frustração quando se negou. Até me insultou dizendo como eu tinha convertido a tal homem em rã e a outro em lobo. Expressou com desvario: "É um fogo de cocção que se apaga com o vento, uma porta traseira que não protege nem do vento nem da tormenta, um palácio que se derruba sobre quão valentes o defendem, um poço cuja tampa se desaba.... um sapato que remói o pé de seu dono". Não era minha culpa que tivesse vivido mais que todos os homens que foram meus amantes.

Ele seguiu me insultando: "A qual de seus amantes amaste para sempre? Qual de seus pastores te segue agradando? Vamos, deixa que mencione a todos seus amantes?"

Ninguém se tinha atrevido nunca a me falar de uma maneira tão repugnante e o inferno não conhece fúria como a de uma mulher desprezada! Eu não ia tolerar isto nem sequer de um homem que fora dois terços deus. Fui diretamente falar com Anu e comecei a me queixar. Felizmente Antu estava ali.
Anu tratou de me acalmar mas também assinalou que o que Gilgamesh havia dito era parcialmente certo. Bom, possivelmente tinha perdido rapidamente interesse em alguns de meus amantes, mas não recordo ter convertido a nenhum em rã. Além disso, eu sou Inanna, Rainha do Céu, amada de Anu, e ninguém me fala dessa maneira!

Melosa e lentamente roguei a Anu que me desse uma arma para surrar a Gilgamesh, uma arma grande de radiação. Disse-lhe que se não me entregasse isso, desataria toda classe de terrores astrais das outras dimensões. Anu sabia que eu só tratava de persuadi-lo para que me aplacasse e me deu o que queria.

Anu me recordou que o uso de uma arma tão letal envenenaria as colheitas. Ele se perguntava se eu tinha suficiente grão em reserva para meu povo. Quando lhe disse que sim, ele aceitou.

Agora vejo que de vez em quando eu tinha muito mau gênio. Desta vez meu irmão Utu estava totalmente contra meu plano. Ele queria muito a Gilgamesh posto que era de seu sangue e fez acertos para que não funcionasse a arma. Isto deve ter agradado muito a Anu. Fiquei furiosa porque meus planos de vingança malograram e apresentei uma queixa formal. Anu consultou com seu filho Enlil, que decidiu que Gilgamesh e Enkidu deveriam ser castigados por ter atacado à Humbaba, desafiando com sua ação as armas dos deuses. Anu propôs a pena de morte, mas Enlil não estava disposto a ver morrer Gilgamesh e arrumou a disputa oferecendo matar somente a Enkidu.

Enkidu não pôde aceitar que se negociou sua morte de um modo tão frio e caiu em depressão. Enquanto o pobre Enkidu jazia doente e inconsciente, Gilgamesh se obcecou mais com sua própria morte e começou a chorar e a queixar-se de seu destino. Com muita dificuldade se dava conta de que seu amigo estava doente. Este egoísmo completamente narcisista me convenceu de que Gilgamesh realmente era um dos nossos, um verdadeiro filho da família de Anu. Os deuses em meio à sua compaixão, tiveram misericórdia de Enkidu e comutaram a pena de morte. Enviaram-no a trabalhar o resto de sua vida como escravo nas minas, um destino do qual não havia volta. Nenhum Lulu retornava do mundo subterrâneo do Ereshkigal. Ditoso Enkidu.

Quanto ao Gilgamesh, seu desespero cada vez maior o obrigou a pressionar a seu avô Utu para que lhe ajudasse. Decidiu procurar a imortalidade dos Deuses com mais afinco, algo que muitos humanos também desejaram.



XII.- UTU E OS TÚNEIS DAS SERPENTES

Quando Anu começou pela primeira vez a colonizar a Terra faz mais de 500.000 anos, já existiam milhares de quilômetros de túneis subterrâneos. Ditos túneis e covas foram construídos pelo Povo do Dragão e o Povo da Serpente. Nesses primeiros dias, Anu lutou, não somente pela Terra, mas também por estes túneis, já que são de valor estratégico crucial porque eles guardam os portais de tempo.

O tratado que solucionou a guerra entre os enkitas e os enlilitas concedeu a meu pai Nannar toda a península do Sinai. Aqui se encontrava o centro de controle da missão, o porto espacial e a entrada aos túneis. A meu irmão gêmeo Utu deram o controle destes serviços por ser filho de Nannar.

Utu é uma pessoa muito dedicada ao dever e nosso avô Enlil lhe tinha toda a confiança. Utu e eu sempre nos quisemos muito e, como somos gêmeos, estamos telepaticamente unidos,

Mas Utu tem o mesmo caráter de minha mãe Ningal. Ele tem uma inteligência silenciosa, uma têmpera de dignidade e humildade. Eu sou como meu pai: aventureira e apaixonada. Com seu olhar misterioso e penetrante meu pai podia cativar a qualquer um.

Como já o disse antes, Utu amava muito a Gilgamesh e verdadeiramente queria lhe ajudar. depois que levaram Enkidu a trabalhar nas minas pelo resto de seus dias, Utu foi visitar Gilgamesh. Bom, imediatamente Gilgamesh lhe rogou que lhe concedesse a imortalidade dos Deuses.

Utu lhe sugeriu que se ele podia de algum modo provar seu merecimento diante dos outros deuses, pelo menos eles lhe poderiam conceder uma vida mais larga. Além de que, Enlil tinha concedido a imortalidade a Noé. Então Utu lhe transmitiu visões do Tilmun, a terra dos Viventes. Isto se fez nos sonhos de Gilgamesh para não despertar a ira dos outros deuses.

Tilmun é a terra dos Viventes porque está por fora do tempo terrestre e em uma dimensão diferente a da Terra. Como já o mencionei, nós devemos abandonar a freqüência da Terra a intervalos regulares. Se não o fizéssemos, nossos corpos eventualmente se ligariam a Terra e envelheceríamos como os humanos. Todos nós viajávamos regularmente ao Tilmun; lá tínhamos formosas casas. Para chegar ao Tilmun tem que viajar pelos túneis das serpentes.

Os túneis em si mesmos são maravilhosos. No princípio se formaram mediante os vermes das serpentes e vão em forma de círculos concêntricos com curvas intermináveis. A cor da luz nestes lugares é um dourado esverdeado e se vê que as paredes brilham com uma substância viscosa. A baba não é mais que um selador mas repele aos humanos bastante bem. Muitos quilômetros dos túneis estão em total escuridão. Em muitas estranhas ocasiões acharam os humanos na entrada destes túneis. Para encontrar as entradas e ter acesso, tem que estimular a energia serpente, o que vocês chamam de kundalini ou chi. Sem um domínio destas forças sutis, a entrada permanece invisível. A mitologia da Terra esta cheia de histórias sobre estes lugares. Alguns humanos em estados alterados tropeçaram com eles sem sabê-lo, mas muito poucos retornaram. Os xamãs das chamadas tribos primitivas da Terra obtiveram acesso com freqüência, mas eles preferem guardar silêncio quanto a isto.

Na época presente há sete entradas em ditos túneis. Uma está localizada debaixo da Esfinge no Egito e outra está em Jerusalém. Uma terceira entrada está no fundo do oceano Pacífico perto de um lugar chamado Vanuata. O lago Titicaca no Peru, o Monte Shasta na Califórnia e o Monte Merú nos Himalaias guardam outras três. A sétima entrada jaz sob o grosso gelo da Antártida. A Antártida é também a locação de um torés magnético que dá potência a todos os túneis com energia de plasma.
Em sonhos, Utu disse a Gilgamesh que entrando pelos túneis das serpentes poderia encontrar o Tilmun, a terra dos Viventes, onde vivia Noé, o sobrevivente do Grande Dilúvio. Se Gilgamesh encontrasse Noé, talvez este lhe desse o segredo da imortalidade. Como os túneis eram seu domínio, Utu pensou em ajudar a Gilgamesh projetando uns quantos hologramas úteis dentro do cérebro de Gilgamesh para guiá-lo em seu caminho.

Eu pessoalmente estava já aborrecida de todo esse assunto de Gilgamesh, isso já não era algo para mim. Mas Utu não deixava de me contar cada detalhe da viagem do pobre Gilgamesh. Ele observava cada passo de seu precioso neto. Mais tarde os Lulus compartilharam seu ávido interesse e a lenda da busca da imortalidade por parte de Gilgamesh se fez muito popular. Ilustrava todos os seus temores, esperanças e derrotas. Se Gilgamesh não podia viver para sempre, então quem de sua raça poderia fazê-lo?

Nos primeiros dias da colonização da Terra Enki tinha ampliado os túneis. Lhe pareceu muito lento o método dos vermes, de modo que usou raios antimatéria para evaporar a rocha. Em alguns lugares este procedimento deixava borbulhas grandes sobre as paredes que refletiam luz de uma maneira muito estranha. Enki adorava e estava feliz com seus túneis de borbulhas. Em seu laboratório do Abzu, Enki sempre estava inventando monstros e criaturas mutantes genéticas, de modo que criou uma boa quantidade de monstros feios para que vigiassem as entradas nos túneis que conduzem a outras dimensões.

Com a ajuda de Utu, Gilgamesh cruzou as montanhas e chegou até a entrada de um dos túneis. Ali se encontrou com alguns dos guardiães escorpiões de Enki. Estes eram monstros com pernas humanas e corpos e cabeças de escorpião. Assustaram muito a Gilgamesh e lhe advertiram que estes túneis escuros se convertiam em um labirinto de morte para quase todos os humanos. Negaram-lhe a entrada. Logo, como por arte de magia, Utu deu o sinal para que o deixassem passar.

Por isso lhe pareceu como uma eternidade, Gilgamesh vagou em escuridão total através do labirinto, chocando-se contra as paredes, machucando seu corpo e chamando Utu como um louco. O ar era tão pesado que com muita dificuldade podia respirar, mas não obstante continuou sua viagem. Como via toda classe de demônios horríveis que o empurravam contra as paredes, começou a acreditar que estava louco. Perdeu todo o sentido de orientação e sua única realidade era a escuridão.

Então aconteceu algo extraordinário. Gilgamesh começou a ver em meio da escuridão, mas não em sua forma normal, mas sim com o olho de um deus. Os gens que tinha herdado de Utu começaram a ativar os cones de seus olhos. Ao princípio só via os contornos dourados das paredes, como em uma foto em infravermelho e, embora pensava que ainda caminhava em meio da escuridão total, os contornos lhe serviram como guia e evitaram que golpeasse seu corpo contra as paredes.

Ao sair do túnel, Gilgamesh entrou no jardim dos deuses. A princípio estava aturdido, mas começou a refrescar-se com água e frutas. Ele estava em um dos jardins famosos de minha bisavó Antu. Ela os construiu não somente em Nibiru mas também em qualquer lugar onde Anu o permitia. Há muitas lendas que falam sobre estes jardins porque, além de frutas e flores reais, sempre há uma seção composta de ouro e pedras preciosas. Imaginem trepadeiras de uvas forjadas em ouro e prata com uvas de ametista e peridoto. Abundavam fileiras de trigo dourado e milho e, entre uma pletora de perfeições artísticas, as rosas eram o mais maravilhoso. Antu tinha convertido esta forma artística em uma paixão pleyadense e as mulheres nobres competiam entre si em justas centenárias projetando hologramas de seus jardins através das galáxias.

Gilgamesh, já ensangüentado e sujo de sua dura prova no túnel, estava devidamente aniquilado. Utu lhe sugeriu que se banhasse na piscina do jardim e logo o dirigiu a uma mulher coberta com um véu que estava sentada ao bordo do mar e que se chamava Siduri. Ela era da raça dos Dragões e servia vinho aos deuses antes de que cruzem o mar para chegar a seus lares. Gilgamesh lhe perguntou como podia encontrar a Noé.

Siduri lhe explicou que nenhum homem podia cruzar esse oceano. Para os Lulus esse mar era conhecido como as águas da morte. Gilgamesh contou a Siduri toda sua história e lhe informou que era dois terços deus, enquanto Utu flutuava no ar por cima deles. Ao ver Utu, Siduri chamou o barqueiro para que levasse Gilgamesh à morada de Noé.

O velho Noé reviveu as memórias do Grande Dilúvio para seu hóspede, enfatizando o fato de que foram os deuses os que tinham decidido destruir aos Lulus. Como tinha aprendido muito a respeito dos deuses durante os séculos, Noé sabia que nós não somos de confiança e disse a Gilgamesh que renunciasse à sua busca pela imortalidade.

Mas Gilgamesh não se deixou convencer, assim Noé lhe sugeriu entrar em um teste de integridade para provar sua dignidade aos Deuses. Possivelmente se Gilgamesh pudesse permanecer acordado e atento durante uma semana impressionaria aos deuses e lhe poderiam conceder sua petição. Então o pobre Gilgamesh se sentou para provar-se a si mesmo, mas imediatamente ficou dormido.

Exacerbado, Noé lhe contou então sobre uma planta que crescia no fundo do mar e que o poderia tornar imortal. Com valentia Gilgamesh mergulhou e trouxe a planta até o bote, só para que a roubasse uma serpente. Para Gilgamesh, a imortalidade dos Deuses lhe tinha escapado para sempre, até com toda a ajuda de Utu.

Utu estava triste, mas não havia nada mais que meu irmão pudesse fazer por Gilgamesh. Essa era a lei: os Lulus devem permanecer em um estado de inconsciência, uma espécie de sonho. 

Manipulações genéticas lhes tinham arrebatado sua divindade fazia muitos milênios. Nem sequer o amor que Utu sentia pelo Gilgamesh pôde trocar isto. Gilgamesh retornou a Uruk, onde reinou até sua morte e onde era conhecido como o que tinha visto os túneis.

Continua...

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