V. S. Ferguson
O Retorno de Inanna
Capitulos XI e XII
XI.- GILGAMESH
No
sistema solar pleyadense nós somos recoletores de informação para o Primeiro Criador.
O Primeiro Criador é e nós somos enviados a reunir experiências no tempo e o
espaço. Vocês poderiam me julgar com apoio nas normas de seu mundo, mas eu
nunca me julguei mesma; eu simplesmente estava vivendo e aprendendo. Se uma
experiência não era satisfatória, seguia com outra.
O
Primeiro Criador manifesta uma "matriz de matrizes" a que chamamos
Deusa Mãe e a partir dela se originam muitas outras fontes de criação. Uma
multidão de seres elevados criam os Pensamentos. Estes se convertem em som o qual
a sua vez flui a seu próprio nível de freqüência e manifesta as realidades.
Minhas
aventuras foram parte de todo o movimento que tinha sido criado antes de mim.
Eu venho de uma linhagem: eu sou o Primeiro Criador, a Deusa Mãe e também sou
meus antepassados antigos de outras dimensões e sistemas. Sou parte de Anu e
Antu, sou Enlil e Ninhursag e levo os meus próprios pais dentro de mim. A
consciência de tudo o que veio antes de mim a expresso em meu poder para criar.
Naquela
época na Terra eu não via que minhas ações pudessem machucar aos Lulus e a suas
futuras gerações: vocês. Certamente não sabia que esse dano retornaria a minha
vida e construiria a Parede.
Depois
de que Anu me outorgou o direito de conceder a monarquia, eu voava entre o Uruk
e o Vale do Indo. Através de minhas rotas de comércio havia um fluxo abundante
de grãos e outros produtos, minhas sacerdotisas se faziam mais ricas cada dia e
todo mundo era feliz. Não obstante, eu seguia sem marido.
Estava
nas mesmas condições que minha tia/avó Nin. Não via nenhum candidato apto para
me casar. Durante os anos via como Ninhursag ficava mais retraída e rígida. Eu
não queria terminar como ela. Não sou o tipo de solteirona e me sentia como um
canhão solto em coberta.
Eu era tão formosa e somente um pouco desumana. O que era o
que tinha que fazer?
Com
o fim de solucionar este pequeno problema, resolvi combinar o ritual da
monarquia com o do matrimônio sagrado. Nesta cerimônia tão formosa, o futuro
rei se convertia em meu marido por uma noite. O templo era coberto de flores e
banhado com a luz das velas. O aroma das flores e os sons de bela música
enchiam os salões do templo. Vestiam-me com sedas, coroavam-me com uma tiara de
ouro e os sacerdotes e sacerdotisas me conduziam à cama sagrada onde esperava
meu amado.
Desta
maneira tive muitos filhos e dava origem a muitas linhagens reais a partir
destas cerimônias. Eu, que não tinha marido verdadeiro de minha própria raça,
podia desfrutar da cerimônia de bodas uma e outra vez. Entre os Lulus era muito
popular a cerimônia do matrimônio sagrado, motivo pelo qual eles me amavam
muito e eu obtive poder sobre as cidades.
Este
costume de ter filhos com os Lulus era muito comum entre os homens da família
de Anu. Enki perdeu a conta de quantas amantes tinha tido ou quantos filhos
tinha engendrado. Meu pai Nannar e meu irmão Utu não eram diferentes. Eu
simplesmente lhe dava forma a uma prática comum e a converti em um ritual
detalhado. Esta cerimônia do matrimônio sagrado me converteu na pessoa mais
apreciada pelos Lulus.
Dita
cerimônia também me permitiu formar homens suficientemente capazes para que me
chamassem a atenção. Eu lhes transmitia conhecimento, sabedoria e magia. A
maneira mais segura de transmitir estas freqüências se encontra no ato de união
sexual executado com a consciência mais elevada e uma concentração profunda. Eu
sou uma perita nestas coisas e muitos homens se beneficiaram destas iniciações.
Por
meio de minha infusão genética, o DNA dos Lulus se fortaleceu e se amplificou.
Sem sabê-lo também eu atei às linhagens de milhares de seres humanos e por
todas as suas vidas futuras. Meus gens se infiltraram em um rio de pessoas e
sem eu mesma sabê-lo estava me convertendo em parte deles.
Já
sabem como é isso; a gente está sentado por aí um pouco aborrecida esperando
que passe algo emocionante e, por sincronia é atraído a um novo mundo, sem
nenhum pensamento consciente quanto aonde irá. A promessa de uma experiência
nova e fresca o atrai e fica apanhado na rede do tempo. Desta mesma forma eu
estava para sempre atraída pela vida da Terra e pelas vidas de seus habitantes.
Meu
irmão Utu estava felizmente casado com sua esposa, Aia, e de vez em quando eu
os visitava. Utu e eu estávamos muito unidos e sei que ele me quer, mas se
mantinha muito ocupado com os transportes da Terra para a estação espacial e
escassamente tinha tempo para nos ver. Aia estava muito ocupada com seus
filhos, suas escolas e sua roupa. Ninurta e sua esposa, Gula, estavam na mesma
situação. Gula não falava de outra coisa que de seus meninos.
Ninurta
tinha tantas obrigações que não tinha muito tempo para ver sua esposa. Eu
admirava a estas mulheres por sua dedicação a seus filhos, mas isso não era
suficiente para mim. Não via a hora de retornar aos templos para me informar
sobre o movimento comercial. A cerimônia do matrimônio sagrado me deu a
liberdade de desempenhar meus cargos e de desfrutar dos prazeres de muitos
maridos e muitos filhos.
Minhas
cerimônias atraíam homens de todos os lugares do mundo. Eu estava acostumado a
observar os homens que entravam nos templos e indagava sobre suas capacidades e
inteligência e me acostumei a escolher os melhores. Então um dia conheci um
homem que rechaçou minhas propostas: Gilgamesh!
Meu
irmão Utu o tinha convertido no quinto governante da dinastia de Uruk. Nesse
tempo eu estava em uma viagem de negócios no Vale do Indo e meu irmão Utu
estava ansioso para conceder a monarquia a Gilgamesh. Utu o estimava muito
porque ele pertencia a sua linhagem. Numa época, Utu sentiu uma grande atração
por uma das sacerdotisas de meu templo e esta união produziu um menino varão
que era tão apetecível que por sua vez se uniu com uma dama nibiruense. Seu
filho era Gilgamesh e sustentava que era dois terços Deus e um terço humano,
asseveração que segundo eu, lhe dava certos direitos.
Gilgamesh
era extremamente formoso, o que vocês chamariam "um homem e tanto".
Era muito popular entre as pessoas, todo mundo o queria, e Utu estava encantado
com este rei herói que levava seu sangue nas veias.
Como
era muito inteligente, Gilgamesh começou a aprender tudo o que podia sobre a história
da Terra e a família de Anu. Quanto mais aprendia, mais o obcecava a idéia da
morte. Gilgamesh não queria morrer. Depois de tudo, raciocinava, ele era dois
terços Deus e portanto deveria ser imortal como Utu e os outros deuses. Rogou a
sua mãe e a seu avô que o ajudassem. Utu basicamente lhe disse que esquecesse o
assunto, que os outros deuses não o permitiriam e que devia desfrutar do tempo
que lhe tinha atribuído.
Consternado
e deprimido, Gilgamesh começou a beber em excesso. Exagerou
na comida, na bebida, no sexo e se tornou briguento. Estava desesperado por
esquivar a idéia do temor à morte. Seu comportamento excêntrico e seus ímpetos
violentos interrompiam o fluxo de vida normal em Uruk.
Os
deuses pensaram que teriam que fazer algo para acalmá-lo. Gilgamesh necessitava
de um companheiro, e no deserto vivia um homem chamado Enkidu, que era um dos
experimentos genéticos de Enki e um êmulo em força física para Gilgamesh. Os
deuses decidiram capturar Enkidu para que servisse de companhia a Gilgamesh.
Enkidu
ainda era um selvagem e estava em um estado inocente de telepatia com os
animais das estepes e dos bosques. Com o fim de capturar a Enkidu, os deuses o enviaram
a uma de minhas sacerdotisas para que o seduzisse. Ele nunca tinha visto uma
mulher tão formosa. Enfeitiçado por seu corpo sedutor se deixou vencer pela
paixão e copulou com ela uma e outra vez. Durante sete dias e noites Enkidu se
perdeu no mar de sua beleza e em um transe de paixão enlevada. Quando finalmente
esteve satisfeito, foi procurar a seus animais amigos mas eles já não o
reconheciam e, quando tratou de aproximar-se, eles fugiram no meio do temor.
Enkidu tinha mudado para sempre.
Como
se sentisse sozinho e perdido, sem onde ir, o pobre Enkidu timidamente seguiu a
sacerdotisa para Uruk, onde foi entregue ao Gilgamesh. Começaram sua amizade
com uma luta, examinando o alcance da força de cada um. Quando Enkidu provou
que era um êmulo para o Gilgamesh, os dois se uniram fraternalmente.
Gilgamesh
compartilhou seu temor à morte com seu novo amigo. A compaixão de si mesmo que
expressou Gilgamesh levou Enkidu às lágrimas e lhe falou sobre um lugar que ele
tinha encontrado com as gazelas na Terra dos Cedros, a morada secreta dos
Deuses. Ali Gilgamesh poderia exigir a imortalidade. Enlil tinha criado um
horrível monstro chamado Humbaba para que vigiasse seu domínio, a Terra dos
Cedros. Enkidu disse a Gilgamesh que para conseguir entrar na morada teriam que
lutar com Humbaba. Emocionados pelas expectativas de um novo desafio, os dois
partiram muito animados.
A
morada dos Deuses existe em uma dimensão diferente a da Terra mas se pode
entrar através de um portal do tempo que está situado na Terra dos Cedros. A Terra
vibra a uma freqüência diferente de Nibiru e nós podemos entrar na vibração da
Terra unicamente através de ditos portais, posto que são as portas para viajar
entre dimensões. Humbaba era um monstro holográfico que escondia uma arma
mortal que protegia esta entrada. Nós, como pleyadenses, devemos retornar com
regularidade a nossa própria freqüência de tempo, de outro modo envelhecemos à
mesma velocidade com a que o fazem os humanos. Como um ano em Nibiru equivale a
3.600 na Terra, para vocês somos imortais.
Do
céu Utu e eu observamos como Gilgamesh e Enkidu se aproximavam do portal do
tempo e começavam a atacar à Humbaba. Impressionou-nos tanto sua coragem que
decidimos acabar com o holograma e lhes fizemos pensar que tinham decapitado ao
monstro. Logo os enviaríamos de retorno a Uruk como se não tivesse passado
nada.
Pensando
que o monstro estava morto, Gilgamesh e Enkidu jaziam extenuados ao lado de uma
corrente. Gilgamesh estava muito suarento da batalha e tirou a roupa para
banhar-se. Vá! Era tão formoso, tinha uma larga cabeleira negra e um corpo tão
escultural; irradiava tanta virilidade, que me invadiu o desejo. Queria estar
com ele.
Da
minha nave que flutuava sobre ele, gritei: "Oh, Gilgamesh, desejo sentir
seus fortes braços ao redor de minha magra cintura e me deleitar nos gozos
prazenteiros de sua virilidade". Também lhe ofereci terra e riquezas,
poder e fama; o usual.
Podem
imaginar minha frustração quando se negou. Até me insultou dizendo como eu
tinha convertido a tal homem em rã e a outro em lobo. Expressou
com desvario: "É um fogo de cocção que se apaga com o vento, uma porta
traseira que não protege nem do vento nem da tormenta, um palácio que se
derruba sobre quão valentes o defendem, um poço cuja tampa se desaba.... um
sapato que remói o pé de seu dono". Não era minha culpa que tivesse vivido
mais que todos os homens que foram meus amantes.
Ele
seguiu me insultando: "A qual de seus amantes amaste para sempre? Qual de
seus pastores te segue agradando? Vamos, deixa que mencione a todos seus
amantes?"
Ninguém
se tinha atrevido nunca a me falar de uma maneira tão repugnante e o inferno
não conhece fúria como a de uma mulher desprezada! Eu não ia tolerar isto nem
sequer de um homem que fora dois terços deus. Fui diretamente falar com Anu e
comecei a me queixar. Felizmente Antu estava ali.
Anu
tratou de me acalmar mas também assinalou que o que Gilgamesh havia dito era
parcialmente certo. Bom, possivelmente tinha perdido rapidamente interesse em
alguns de meus amantes, mas não recordo ter convertido a nenhum em rã. Além disso, eu sou
Inanna, Rainha do Céu, amada de Anu, e ninguém me fala dessa maneira!
Melosa
e lentamente roguei a Anu que me desse uma arma para surrar a Gilgamesh, uma
arma grande de radiação. Disse-lhe que se não me entregasse isso, desataria
toda classe de terrores astrais das outras dimensões. Anu sabia que eu só
tratava de persuadi-lo para que me aplacasse e me deu o que queria.
Anu
me recordou que o uso de uma arma tão letal envenenaria as colheitas. Ele se
perguntava se eu tinha suficiente grão em reserva para meu povo. Quando lhe
disse que sim, ele aceitou.
Agora
vejo que de vez em quando eu tinha muito mau gênio. Desta vez meu irmão Utu
estava totalmente contra meu plano. Ele queria muito a Gilgamesh posto que era
de seu sangue e fez acertos para que não funcionasse a arma. Isto deve ter
agradado muito a Anu. Fiquei furiosa porque meus planos de vingança malograram
e apresentei uma queixa formal. Anu consultou com seu filho Enlil, que decidiu
que Gilgamesh e Enkidu deveriam ser castigados por ter atacado à Humbaba,
desafiando com sua ação as armas dos deuses. Anu propôs a pena de morte, mas
Enlil não estava disposto a ver morrer Gilgamesh e arrumou a disputa oferecendo
matar somente a Enkidu.
Enkidu
não pôde aceitar que se negociou sua morte de um modo tão frio e caiu em depressão. Enquanto
o pobre Enkidu jazia doente e inconsciente, Gilgamesh se obcecou mais com sua
própria morte e começou a chorar e a queixar-se de seu destino. Com muita
dificuldade se dava conta de que seu amigo estava doente. Este egoísmo
completamente narcisista me convenceu de que Gilgamesh realmente era um dos
nossos, um verdadeiro filho da família de Anu. Os deuses em meio à sua compaixão,
tiveram misericórdia de Enkidu e comutaram a pena de morte. Enviaram-no a
trabalhar o resto de sua vida como escravo nas minas, um destino do qual não
havia volta. Nenhum Lulu retornava do mundo subterrâneo do Ereshkigal. Ditoso
Enkidu.
Quanto
ao Gilgamesh, seu desespero cada vez maior o obrigou a pressionar a seu avô Utu
para que lhe ajudasse. Decidiu procurar a imortalidade dos Deuses com mais
afinco, algo que muitos humanos também desejaram.
XII.- UTU E OS
TÚNEIS DAS SERPENTES
Quando
Anu começou pela primeira vez a colonizar a Terra faz mais de 500.000 anos, já
existiam milhares de quilômetros de túneis subterrâneos. Ditos túneis e covas
foram construídos pelo Povo do Dragão e o Povo da Serpente. Nesses primeiros
dias, Anu lutou, não somente pela Terra, mas também por estes túneis, já que
são de valor estratégico crucial porque eles guardam os portais de tempo.
O
tratado que solucionou a guerra entre os enkitas e os enlilitas concedeu a meu
pai Nannar toda a península do Sinai. Aqui se encontrava o centro de controle
da missão, o porto espacial e a entrada aos túneis. A meu irmão gêmeo Utu deram
o controle destes serviços por ser filho de Nannar.
Utu
é uma pessoa muito dedicada ao dever e nosso avô Enlil lhe tinha toda a
confiança. Utu e eu sempre nos quisemos muito e, como somos gêmeos, estamos
telepaticamente unidos,
Mas
Utu tem o mesmo caráter de minha mãe Ningal. Ele tem uma inteligência
silenciosa, uma têmpera de dignidade e humildade. Eu sou como meu pai:
aventureira e apaixonada. Com seu olhar misterioso e penetrante meu pai podia
cativar a qualquer um.
Como
já o disse antes, Utu amava muito a Gilgamesh e verdadeiramente queria lhe
ajudar. depois que levaram Enkidu a trabalhar nas minas pelo resto de seus
dias, Utu foi visitar Gilgamesh. Bom, imediatamente Gilgamesh lhe rogou que lhe
concedesse a imortalidade dos Deuses.
Utu
lhe sugeriu que se ele podia de algum modo provar seu merecimento diante dos
outros deuses, pelo menos eles lhe poderiam conceder uma vida mais larga. Além
de que, Enlil tinha concedido a imortalidade a Noé. Então Utu lhe transmitiu
visões do Tilmun, a terra dos Viventes. Isto se fez nos sonhos de Gilgamesh
para não despertar a ira dos outros deuses.
Tilmun
é a terra dos Viventes porque está por fora do tempo terrestre e em uma
dimensão diferente a da Terra. Como já o mencionei, nós devemos abandonar a
freqüência da Terra a intervalos regulares. Se não o fizéssemos, nossos corpos
eventualmente se ligariam a Terra e envelheceríamos como os humanos. Todos nós
viajávamos regularmente ao Tilmun; lá tínhamos formosas casas. Para chegar ao
Tilmun tem que viajar pelos túneis das serpentes.
Os
túneis em si mesmos são maravilhosos. No princípio se formaram mediante os
vermes das serpentes e vão em forma de círculos concêntricos com curvas
intermináveis. A cor da luz nestes lugares é um dourado esverdeado e se vê que
as paredes brilham com uma substância viscosa. A baba não é mais que um selador
mas repele aos humanos bastante bem. Muitos quilômetros dos túneis estão em
total escuridão. Em muitas estranhas ocasiões acharam os humanos na entrada destes
túneis. Para encontrar as entradas e ter acesso, tem que estimular a energia
serpente, o que vocês chamam de kundalini ou chi. Sem um domínio destas forças
sutis, a entrada permanece invisível. A mitologia da Terra esta cheia de
histórias sobre estes lugares. Alguns humanos em estados alterados tropeçaram
com eles sem sabê-lo, mas muito poucos retornaram. Os xamãs das chamadas tribos
primitivas da Terra obtiveram acesso com freqüência, mas eles preferem guardar
silêncio quanto a isto.
Na
época presente há sete entradas em ditos túneis. Uma está localizada debaixo da
Esfinge no Egito e outra está em Jerusalém. Uma terceira entrada está no fundo do
oceano Pacífico perto de um lugar chamado Vanuata. O lago Titicaca no Peru, o
Monte Shasta na Califórnia e o Monte Merú nos Himalaias guardam outras três. A
sétima entrada jaz sob o grosso gelo da Antártida. A Antártida é também a
locação de um torés magnético que dá potência a todos os túneis com energia de
plasma.
Em
sonhos, Utu disse a Gilgamesh que entrando pelos túneis das serpentes poderia
encontrar o Tilmun, a terra dos Viventes, onde vivia Noé, o sobrevivente do
Grande Dilúvio. Se Gilgamesh encontrasse Noé, talvez este lhe desse o segredo
da imortalidade. Como os túneis eram seu domínio, Utu pensou em ajudar a
Gilgamesh projetando uns quantos hologramas úteis dentro do cérebro de
Gilgamesh para guiá-lo em seu caminho.
Eu
pessoalmente estava já aborrecida de todo esse assunto de Gilgamesh, isso já
não era algo para mim. Mas Utu não deixava de me contar cada detalhe da viagem
do pobre Gilgamesh. Ele observava cada passo de seu precioso neto. Mais tarde
os Lulus compartilharam seu ávido interesse e a lenda da busca da imortalidade
por parte de Gilgamesh se fez muito popular. Ilustrava todos os seus temores,
esperanças e derrotas. Se Gilgamesh não podia viver para sempre, então quem de
sua raça poderia fazê-lo?
Nos
primeiros dias da colonização da Terra Enki tinha ampliado os túneis. Lhe
pareceu muito lento o método dos vermes, de modo que usou raios antimatéria
para evaporar a rocha. Em alguns lugares este procedimento deixava borbulhas
grandes sobre as paredes que refletiam luz de uma maneira muito estranha. Enki
adorava e estava feliz com seus túneis de borbulhas. Em seu laboratório do
Abzu, Enki sempre estava inventando monstros e criaturas mutantes genéticas, de
modo que criou uma boa quantidade de monstros feios para que vigiassem as
entradas nos túneis que conduzem a outras dimensões.
Com
a ajuda de Utu, Gilgamesh cruzou as montanhas e chegou até a entrada de um dos
túneis. Ali se encontrou com alguns dos guardiães escorpiões de Enki. Estes
eram monstros com pernas humanas e corpos e cabeças de escorpião. Assustaram
muito a Gilgamesh e lhe advertiram que estes túneis escuros se convertiam em um
labirinto de morte para quase todos os humanos. Negaram-lhe a entrada. Logo,
como por arte de magia, Utu deu o sinal para que o deixassem passar.
Por
isso lhe pareceu como uma eternidade, Gilgamesh vagou em escuridão total
através do labirinto, chocando-se contra as paredes, machucando seu corpo e chamando
Utu como um louco. O ar era tão pesado que com muita dificuldade podia
respirar, mas não obstante continuou sua viagem. Como via toda classe de
demônios horríveis que o empurravam contra as paredes, começou a acreditar que
estava louco. Perdeu todo o sentido de orientação e sua única realidade era a
escuridão.
Então
aconteceu algo extraordinário. Gilgamesh começou a ver em meio da escuridão,
mas não em sua forma normal, mas sim com o olho de um deus. Os gens que tinha
herdado de Utu começaram a ativar os cones de seus olhos. Ao princípio só via
os contornos dourados das paredes, como em uma foto em infravermelho e, embora
pensava que ainda caminhava em meio da escuridão total, os contornos lhe
serviram como guia e evitaram que golpeasse seu corpo contra as paredes.
Ao
sair do túnel, Gilgamesh entrou no jardim dos deuses. A princípio estava
aturdido, mas começou a refrescar-se com água e frutas. Ele estava em um dos
jardins famosos de minha bisavó Antu. Ela os construiu não somente em Nibiru
mas também em qualquer lugar onde Anu o permitia. Há muitas lendas que falam
sobre estes jardins porque, além de frutas e flores reais, sempre há uma seção
composta de ouro e pedras preciosas. Imaginem trepadeiras de uvas forjadas em
ouro e prata com uvas de ametista e peridoto. Abundavam fileiras de trigo
dourado e milho e, entre uma pletora de perfeições artísticas, as rosas eram o
mais maravilhoso. Antu tinha convertido esta forma artística em uma paixão
pleyadense e as mulheres nobres competiam entre si em justas centenárias
projetando hologramas de seus jardins através das galáxias.
Gilgamesh,
já ensangüentado e sujo de sua dura prova no túnel, estava devidamente
aniquilado. Utu lhe sugeriu que se banhasse na piscina do jardim e logo o
dirigiu a uma mulher coberta com um véu que estava sentada ao bordo do mar e
que se chamava Siduri. Ela era da raça dos Dragões e servia vinho aos deuses
antes de que cruzem o mar para chegar a seus lares. Gilgamesh lhe perguntou
como podia encontrar a Noé.
Siduri
lhe explicou que nenhum homem podia cruzar esse oceano. Para os Lulus esse mar
era conhecido como as águas da morte. Gilgamesh contou a Siduri toda sua
história e lhe informou que era dois terços deus, enquanto Utu flutuava no ar
por cima deles. Ao ver Utu, Siduri chamou o barqueiro para que levasse Gilgamesh
à morada de Noé.
O
velho Noé reviveu as memórias do Grande Dilúvio para seu hóspede, enfatizando o
fato de que foram os deuses os que tinham decidido destruir aos Lulus. Como
tinha aprendido muito a respeito dos deuses durante os séculos, Noé sabia que
nós não somos de confiança e disse a Gilgamesh que renunciasse à sua busca pela
imortalidade.
Mas
Gilgamesh não se deixou convencer, assim Noé lhe sugeriu entrar em um teste de
integridade para provar sua dignidade aos Deuses. Possivelmente se Gilgamesh
pudesse permanecer acordado e atento durante uma semana impressionaria aos
deuses e lhe poderiam conceder sua petição. Então o pobre Gilgamesh se sentou
para provar-se a si mesmo, mas imediatamente ficou dormido.
Exacerbado,
Noé lhe contou então sobre uma planta que crescia no fundo do mar e que o
poderia tornar imortal. Com valentia Gilgamesh mergulhou e trouxe a planta até
o bote, só para que a roubasse uma serpente. Para Gilgamesh, a imortalidade dos
Deuses lhe tinha escapado para sempre, até com toda a ajuda de Utu.
Manipulações genéticas lhes tinham arrebatado sua divindade fazia muitos milênios. Nem sequer o amor que Utu sentia pelo Gilgamesh pôde trocar isto. Gilgamesh retornou a Uruk, onde reinou até sua morte e onde era conhecido como o que tinha visto os túneis.
Continua...
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