V. S. Ferguson
O Retorno de Inanna
2ª Parte
Capitulos XIII e XIV
XIII.- ALMOÇO COM MARDUK
Marduk
estava sentado em sua sala privada na suíte do edifício mais alto de Hong Kong.
Estava a ponto de almoçar com o líder das cadeias de comunicação do planeta
Terra. Olhou a sua roupa, um Saville Row é obvio, e a seus sapatos italianos. A
Terra era algo muito divertido, pensou. Seus planos estavam saindo melhor do
que pensava. Na semana seguinte teria sua reunião habitual com os banqueiros do
mundo e a outra com os líderes políticos.
A
sala estava forrada com esculturas excepcionais e espelhos antigos; as paredes
estavam adornadas com painéis de mogno polida. O teto brilhava com aranhas de
luzes de cristal que iluminavam as pinturas do afresco que Marduk tinha
extraído das tumbas egípcias. A mesa já estava perfeitamente posta, talheres de
ouro sólido e baixela de Paris. Não era que Marduk precisasse impressionar a
ninguém; simplesmente gostava das coisas belas.
Durante
os séculos Marduk se dedicou a converter-se em um conhecedor de tudo o que a Terra
tinha para oferecer. Atrás dele e de joelhos, esperavam seis concubinas muito
belas, prontas para lhe servir em qualquer momento. Se por acaso deixava cair
uma migalha durante o almoço, uma das garotas a tirava imediatamente da toalha
branca com uma paleta de prata. Nas portas havia quatro guarda-costas, com
outros dois do outro lado da porta. Todos tinham treinamento de ninjas, mas só
por diversão. Marduk adorava fingir que era uma estrela de cinema. Desfrutava
dos filmes violentos com muito sangue e cenas de artes marciais. Depois de
tudo, era seu mundo e podia jogar de qualquer modo que quisesse.
Muito
em breve já não se discutiria quem tinha o direito a controlar a Terra. Marduk
assumiu ela, o poder pode com tudo e o planeta lhe pertencia por direito.
Sempre tinha sido capaz de dominar a seu pai Enki. Não podia evitar que seu pai
fosse débil e adorava dobrar sua vontade ou a de qualquer pessoa. Parecia que o
mundo estava cheio de passivos que esperavam que ele os dominasse. Também
estavam as marionetes que não representavam um grande desafio. Por último
estava a maioria que requeria um pouco de lavagem de cérebro por meio da
propaganda. Uns poucos tinham sido torturados mas quase todo mundo cedia. Neste
almoço se discutiria o assunto da programação e lavagem de cérebro. Marduk
queria mostrar a seu hóspede, o presidente das cadeias de comunicação, quem era
o chefe. Lhe encantava amedrontar a seus empregados; era como seu
entretenimento e ultimamente tinha estado muito aborrecido. O ano 2011 se
estava aproximando muito lentamente e ele queria que essa Federação
Intergaláctica se afastasse de seu caminho para sempre.
Ele
sabia sobre as intenções de seu pai Enki e dessa bruxa Inanna para despertar à
espécie humana. Sabia que eles e outros membros de sua família pleyadense
queriam provar à Federação que os humanos podiam, através de seu próprio
livre-arbítrio, ativar os gens adormecidos e tomar seu lugar como iguais na
galáxia não mais como escravos.
Marduk
tinha seguido cuidadosamente o rastro de todos os dados dos Eus
multidimensionais projetados. Não tinha sido grande problema frustrar seus
tristes intentos de acreditar em si mesmos. Se suas próprias paixões não os
destruíam, ele facilmente podia encarregar-se de que um de seus agentes os
eliminassem. A História como ele a tinha moldado permitia muitas ondas
convenientes de histeria, todas desenhadas à perfeição para extirpar qualquer
pensamento original. Enquanto os humanos acreditassem que eram impotentes, podiam
ser treinados para adorar a Marduk em todos os seus disfarces. Como os humanos
sempre procuravam ajuda e consolo fora deles, permaneciam débeis e vulneráveis
às engenhosas manipulações de Marduk.
Sua
nova idéia de uma cadeia de comunicações era o melhor que tinha inventado até
agora. Em silêncio se felicitou a si mesmo. Uma extensa rede de sinais
eletromagnéticos ricocheteava contra os satélites que lhe davam a volta à Terra
e mantinha as freqüências de todo o planeta em um espectro muito limitado. Era
quase impossível que qualquer cérebro humano pensasse além da freqüência de sobrevivência.
Como era fácil programar imagens de riqueza e poder mais à frente do alcance
dos humanos e desta forma deixá-los em meio de um estado de frustração e temor.
Era muito fácil, Marduk estava mais que aborrecido.
Parou
em frente a um dos espelhos antigos que forravam as paredes da sala.
"Deus, que bonito sou!", pensou. Durante os séculos tinha
aperfeiçoado sua beleza com um sem número de procedimentos cirúrgicos, mas
intencionalmente tinha conservado esse rasgo de crueldade pelo qual era famoso.
Proporcionava-lhe muito prazer observar as expressões de terror nos rostos de
suas vítimas à medida que com timidez se aproximavam dele.
O
presidente da cadeia foi anunciado e entrou no quarto da suíte. Monsieur Atherton
Spleek se inclinou servilmente ante Marduk. "Mestre, posso me
sentar?", perguntou.
Atherton
tinha pavor a estas reuniões. Marduk era algo horrível de olhar, e algo estranho
sempre ocorria, deixando Atherton fraco do estômago durante semanas depois da reunião.
Tudo era muito estranho: Marduk se arrumava para ver-se juvenil e bonito a
primeira vista, mas quando alguém realmente o olhava, não podia deixar de
perguntar-se se Marduk não era o demônio. Rapidamente Atherton tirou esses
pensamentos de sua cabeça; depois de tudo, ele não acreditava nessas coisas.
Somente acreditava no poder e no dinheiro, com o qual o proporcionava Marduk.
Atherton
tinha nascido nos tugúrios da Yakarta e desde menino tinha sido ambicioso.
Esperava às portas dos altos edifícios da cidade e rogava aos homens de trajes
escuros que lhe permitissem lhes servir. Nesses dias o único negócio que havia
na Yakarta era o do petróleo, e os homens de negócios ocidentais solitários
queriam todos a mesma coisa: mulheres. Então o pequeno Atherton se converteu em
um intermediário entre os homens do petróleo e as alcoviteiras da cidade. Era
um começo. Uma das garotas lhe tinha posto o nome de Atherton e ele inventou o
sobrenome Spleek. Em um programa de televisão tinha escutado o nome Spock mas o
confundiu e ficou Spleek.
Atherton
agradava a Marduk porque era totalmente controlável. Apesar da posição que ele
tinha obtido no mundo, por dentro era vazio e seco e não conhecia outra coisa que
a obediência a seu mestre, Marduk. Atherton observou às garotas que
engatinhavam de joelhos. Que bom toque, pensou. Tenho que arrumar isto para
meus escritórios em Paris.
"Me
diga sua notícias, Atherton", ordenou Marduk. Atherton tomou um gole de
vodca russo, sua mão tremia um pouco. "Mestre, tudo está saindo à perfeição.
As cadeias por cabo estão prontas para unir-se com as companhias de telefone celular
e as cadeias de fibra ótica estão quase preparadas".
Marduk
estava construindo um novo halo eletromagnético por debaixo da Terra para
assegurar seu controle em caso de que alguma nave estúpida da Federação
decidisse derrubar seus satélites. A famosa lei de não interferência deveria
estar em ação, mas ainda se discutia em todas as escolas de direito da galáxia
como se interpretava essa lei. Marduk tinha violado esta lei muitas vezes e não
confiava em seu pai Enki nem em nenhum dos da Federação. Ele sabia muito bem
que seu avô Anu e seu tio Enlil estavam procurando sua queda. Em algum lugar,
sua família inteira conspirava contra ele.
Quando
Marduk se apoderou da Terra, também se apoderou do planeta Nibiru. Este
pertencia a Anu e a Terra tinha sido entregue a seus filhos Enki e Enlil.
Marduk surpreendeu a todo mundo quando conquistou todo o sistema pleyadense com
seus extensos exércitos de clones, todos desenhados para parecer-se com ele.
Passou séculos criando estes batalhões de guerreiros clones em um planeta
secreto. Ninguém se deu conta, até que foi muito tarde para detê-lo. Agora não
ficava ninguém que lhe enfrentasse, com exceção da Federação. Quanto ao intento
de lhes devolver aos humanos seu nível genético, Marduk pensava que nenhum dos
humanos escravizados teria a petulância de enfrentá-lo. Esse plano era muito
ridículo e nem sequer merecia sua atenção.
Ainda
odiava a essa bruxa Inanna e recordou o dia de seu julgamento faz muito tempo.
Toda a família de Anu se reuniu para julgá-lo. Foi acusado de transpassar os
limites e de assassinar a seu próprio irmão Dumuzi, que por acaso estava casado
com essa fêmea ambiciosa Inanna. Marduk sabia que Inanna queria controlar o Egito
e estava manipulando a seu adoentado marido com esse fim. A Marduk não importou
em absoluto ter feito degolar a seu irmão. Mas sim lhe incomodava que Inanna
tivesse sugerido que o enterrassem vivo na pirâmide e que toda a família
tivesse estado de acordo.
Inclusive
agora recordava o som das enormes pedras quando caíam em seu lugar e selavam
sua tumba. A pirâmide era um preservador excelente, tivesse necessitado uma
eternidade para morrer de fome ou de desidratação. A fúria e raiva desta
experiência tinha mudado o ser de Marduk. Depois desse dia não era o mesmo. O
rogo fervoroso de sua esposa e de sua mãe convenceram a seu pai Enki de que
falasse com a Inanna para que ela o soltasse. Ela o fez e lhe ordenou que se
desculpasse. Para piorar as coisas, Inanna lhe ordenou que fizesse oferendas em
seus templos. Mais tarde, Marduk se deleitou destruindo esses templos e
assassinando às sacerdotisas que havia dentro deles.
Marduk
tinha ganho. Uma e outra vez tinha derrotado a Inanna. Tinha desfrutado da
degradação e submissão de todas as fêmeas no planeta. Com a chegada dos meios
maciços de comunicação eletrônica, tudo era ainda mais fácil. Marduk
jubilosamente pensou em todas as mulheres da Terra sentadas em sofás, grudadas
em seus televisores, querendo desesperadamente ser tão lindas ou ricas como os
andróides que diariamente desfilavam ante elas. O desejar o que nunca lhes
poderia proporcionar felicidade rompia seus espíritos e lhes drenava toda sua
força de vida. Marduk se sentia muito satisfeito, todas essas telenovelas patéticas,
todas essas almas sdesesperadas lhe encantava.
"Me
diga, Atherton já estão preparados os planos com mais canais de televisão para
vender produtos?"
"Sim,
Mestre. Para o ano 2006 a
metade da programação será totalmente dedicada ao consumo de bens materiais. A
gente trabalhará mais e mais por menos dinheiro e quererão mais e mais por
coisas que não poderão comprar".
"Que
maravilha!", exclamou Marduk. de vez em quando não podia evitar
emocionar-se com seu próprio gênio. "E como vai a alteração da percepção
do tempo?"
"É
como você o ordenou, mestre. Os humanos têm menos e menos tempo para tudo. Não
têm tempo para suas famílias e seus filhos são cada vez mais vulneráveis a
nossas técnicas de lavagem de cérebro. Os meninos já desejam tudo o que vêem em
televisão sem ter que trabalhar por isso. E o melhor de tudo é que ninguém tem
tempo para pensar ou fazer perguntas".
Marduk
assentiu serenamente e ordenou ao Atherton que ficasse de pé e se afastasse da
mesa. Atherton tremeu e sentiu náuseas. Um dos guarda-costas se moveu para ele
e lhe apontou uma arma de plasma diretamente à parte baixa de seu corpo.
Um
raio de energia instantaneamente evaporou as pernas do Atherton, que caiu ao
piso em agonia. Marduk
riu histéricamente. "Bem, Atherton, não quero que comece a ter idéias
quanto a seu próprio poder. É meu escravo por completo. Nunca o esqueça. Posso
fazer que lhe matem e que façam um clone de ti em um minuto".
As
portas da sala se abriram e uma equipe de cirurgiões entrou para levar Atherton
e reparar suas pernas desvanecidas.
Marduk
estava seguro de que este doente tinha entendido a mensagem.
Atherton
se lamentou quando o colocaram na cadeira de rodas.
Marduk
ordenou que lhe servissem o almoço. Que lástima que Atherton não podia ficar
para desfrutar desta deliciosa comida. Fazendo uma careta de satisfação, Marduk
levou a boca um faisão tenro dourado inteiro coberto de chocolate, com ossos e
tudo.
XIV.- O HOMEM IDEAL
Inanna
despertou de um sonho horrível; seus dragões guardiães a olhavam de uma forma
protetora. Sonhou que estava coberta de chocolate e que o desagradável Marduk
estava pensando em lhe dar uma dentada. Ela se estremeceu, levantou-se de sua
cama e chamou Melinar à sua consciência. Este flutuou pelo quarto emitindo
freqüências tranqüilizadoras até que Inanna e seus dragões estivessem outra vez
calmos. Era bom ter um amigo para os tempos difíceis. Inanna se serve de um
brandy arturiano. Era um pouco cedo mas o brandy desceu por sua garganta e
esquentou todo seu formoso corpo azul.
Hoje
era o dia em que Inanna
e Enki deviam assistir à reunião da Federação Intergaláctica. Ela estava muito
emocionada, não só pela importância de sua missão, mas também porque em segredo
tinha a esperança de encontrar-se com o misterioso estranho que tinha visto na
última reunião. Olhou toda a roupa que tinha em seu armário e não sabia o que
vestir para impressionar àquele homem.
Ela
não sabia absolutamente nada sobre o estranho; só sabia que nunca tinha visto
outro igual. Ele possuía um ar de força e de dignidade silenciosa que ajudava a
aumentar sua beleza física. Na família de Inanna não havia ninguém que se
parecesse com ele, nem sequer Anu ou Enlil. Era alto, seu cabelo comprido, liso
e prateado e seus olhos eram tão escuros como o céu noturno; eram uns olhos que
brilhavam com humor. A Inanna parecia que havia diamantes dentro desses olhos
escuros e ela desejava saber mais sobre este homem.
Viu-se
a si mesmo olhando suas mãos; eram totalmente delicadas, tinha dedos largos e
suaves mas, não obstante, não mostravam nenhum traço de debilidade. Inanna
pensou que este era um homem que estava por cima das ascensões e descidas da
vida. Era profundamente apaixonado, mas suas paixões não lhe curvavam. Seu
aspecto disse a ela que ele via o humor da vida e de suas mudanças infinitas,
que a vida por si mesmo o deleitava e que sentia compaixão por todos os seres
sem importar em que estado de evolução se encontrassem. Inanna compreendeu que
este homem sabia que era parte de toda a vida e, por causa desse conhecimento,
amava a vida em todas suas partes infinitas.
Ela
se perguntou se verdadeiramente tinha mudado o suficiente para que ele se fixasse
nela. Pensou que na útlima reunião nem sequer a tinha olhado, ou sim? Não sabia
que roupa vestir e depois de atirar mais de uma peça sobre o piso se decidiu
por algo modesto e de bom gosto, um pouco estranho nela.
Sentiu
que Enki se aproximava montado em seu dragão e rapidamente sentiu a presença
dos outros dois, Anu e Enlil. Enlil sempre a punha nervosa. Ela imaginava que
ele a julgava severamente e que não estava de todo satisfeito com sua neta. Mas
para ela sempre era um prazer ver Anu, pois seu nome significava "amada de
Anu", e sempre tinha sido certo que Anu adorava a sua bisneta.
"Minha
pequena, me alegro tanto de ver-te outra vez!" Anu abraçou a Inanna e seus
olhos se encheram de lágrimas. "Estou muito orgulhoso de seus esforços
diligentes para ajudar aos terrícolas.
Todos
mudamos um dia, não é certo, minha pequena?"
"Anu,
como está? Me conte sua notícias". Inanna se inclinou graciosamente ante Enlil
e perguntou por sua mãe, Ningal, e por seu pai, Nannar, o filho de Enlil.
Enlil
e Anu tinham estado reunindo suas forças no exílio em uma galáxia próxima e
tinham estado olhando com muito interesse os experimentos de projeção dos Eus
multidimensionais no contínuo espaço/tempo da Terra. Inanna e Enki não eram os
únicos membros da família que estavam envolvidos nesta atividade. A família
tinha chegado a aceitar a verdade: esta era sua única esperança de criar outra
realidade na qual a espécie humana pudesse liberar-se da tirania de Marduk.
Recentemente
Anu e Enlil se uniram aos Etéreos em suas naves que davam a volta à Terra,
pacientemente esperando que acontecesse a transformação do DNA nos seres
humanos e protegendo o planeta dos invasores de Marduk e de outros
extraterrestres piratas. Os Etéreos se comprometeram a proteger a Terra com o
fim de dar aos humanos a oportunidade de ativar seus gens latentes e de provar
ao Conselho Intergaláctico que eles tinham superado a etapa adolescente pela
qual passam todas as raças, que estavam preparados para ser responsáveis por si
mesmos e de ocupar seu lugar como iguais no universo.
Era
uma empresa difícil, pensou Inanna, especialmente quando Marduk obstaculizava
todo intento que a família fazia em benefício da humanidade. Certamente Marduk
fazia tudo o que tinha podido para frustrar os planos de Inanna. Muitos de seus
Eus encarnados tinham caído em suas armadilhas e tinham perdido seu caminho.
Poderia ser que Graciela fosse a última esperança de Inanna? Não queria pensar
nisso; era muito pavoroso.
Inanna,
Anu, Enki e Enlil caminharam para o portal do tempo e se transportaram para o
salão da Federação. Melinar os seguiu como parte da consciência de Inanna. Era
tal como Inanna recordava: um céu cetim enorme e abobadado que permitia ver
todas as galáxias. A vista era imponente. Os céus são ainda mais lindos que
minhas jóias, disse ela; seria muito divertido jogar com as estrelas. O salão
estava cheio da extensa variedade de seres de toda classe de raças. Entraram os
Etéreos e saudaram Anu e a sua família. A reunião estava a ponto de começar.
Pelo
canto do olho, Inanna o viu entrar sozinho e silenciosamente no salão. Era tal
como Inanna o recordava; sua beleza procedia de uma fonte soberana no profundo
dele e magnetizava todo o ser de Inanna. Ele era tudo aquilo no que ela queria
converter-se, garboso e amável e, não obstante, forte e sapiente. Inanna se
sentou reta e tratou de não ser muito visível. Se só se sentasse em um lugar
onde ela o pudesse ver com facilidade. Para seu deleite, ele caminhou para a
área elevada dos Etéreos e se sentou a um lado. Inanna conteve a respiração,
seu coração estava batendo muito rapidamente, mas ele era tão maravilhoso.
Um
Etéreo muito alto e elegante ficou de pé e começou a dirigir-se ao salão por
meio de sons que compreenderam as mentes de todos os pressente sem importar
qual fora sua linguagem ou dialeto nativo. O Conselho enfatizou o fato de que
ainda estava fazendo valer sua lei de não interferência, enquanto que de perto
seguia as atividades da família de Anu, em particular as de Marduk. Da última
reunião as coisas não tinham mudado muito. O fim do ano 2011 era ainda a data
marcada para resolver o assunto do domínio do planeta Terra. Se um número
suficiente de humanos podia ser convencido de sua habilidade genética latente
para assumir o controle de sua realidade e abandonar sua dependência dos tiranos,
formaria-se uma Terra mudada em forma natural, a qual permitiria expressão
desta nova consciência. Aqueles humanos que desejassem permanecer sob o reino
de Marduk e seus tiranos, seriam deixados a sua sorte, possivelmente para
aprender a independência em outra época em um futuro possível.
O
Conselho perguntou se algum dos presentes desejava falar em favor dos
terrícolas, ou se tinham alguma evidência nova para apresentar ante a corte. A
mente de Inanna se agitou. Que poderia dizer? Que Olnwynn tinha sido
assassinado por seu próprio filho, que Atilar tinha violado a uma jovem
sacerdotisa, que Chandhroma tinha sido envenenada no harém? Tudo isso não soava
muito prometedor. A Terra era algo tão difícil de explicar; era algo tão denso
e complicado por causa de suas inumeráveis polaridades. Sentiu que lhe secava a
boca, mas de todas as maneiras ficou de pé para falar.
Não
tinha idéia do que a tinha feito se levantar ou do que ia dizer, mas uma força
a pôs de pé e lhe colocou as palavras em sua boca. Era Olnwynn. De algum modo
ele tomou conta temporalmente de sua consciência e, para bem ou par o mal,
estava a ponto de falar através dela acima de todo o Conselho.
"Desejo
falar pela Terra e sua gente. Pode ser que seja muito difícil para vocês
compreenderem o que é a vida na Terra. Nunca se sentaram em um bosque verde a
escutar o vento. Nunca viram esse sol dourado silencioso que se eleva por cima
de nossas majestosas montanhas; não escutaram as asas de um colibri que
golpeiam enquanto bebe o néctar de uma rosa. Sei que os humanos não estão
conscientes de muitas coisas, mas são dignos de sua atenção e merecem ser
salvos. Alguma vez tiveram um bebê desamparado em seus braços, possivelmente
seu próprio filho, com um desejo de protegê-lo?"
Melinar
tirou Olnwynn e continuou falando através de Inanna. "A espécie humana é
uma mescla de todas as raças que vieram à Terra e se cruzaram com as formas de
vida que existiram lá. Eles são vocês; levam as sementes de muitas das linhas
genéticas que existem através de todo o universo. Se lhes brinda uma
oportunidade, se lhes dá ajuda, podem ser maravilhosos na verdade. Quero lhes
pedir a que os etéreos continuem aumentando a banda de freqüência da
Onda".
A
Onda era um término que descrevia uma banda de freqüência que os Etéreos
estavam emitindo para o planeta Terra. Ela levava energias de verdade e
iluminação; levava o poder de despertar os gens adormecidos. Se tão somente os
humanos adormecidos pudessem despertar de seu sonho da limitação e se abrissem
a esta Onda, seu DNA mudaria automaticamente e os faria livres. A única coisa
que tinham que fazer era apagar as máquinas eletrônicas que emanavam as freqüências
de Marduk e escutar os sons da natureza, do bosque, dos rios que cantam e os
ventos que sussurram.
Inanna
lhe contou a história da Graciela ao Conselho. Disse-lhes que Graciela tomaria
certas decisões muito em
breve. Inanna sabia que era uma probabilidade muito remota e
que estava exagerando, mas era sua única oportunidade. Possivelmente a história
da Graciela animaria aos Etéreos a aumentar a freqüência da Onda.
Inanna
concluiu dizendo que realmente amava a Terra e às pessoas que a habitava e que
ela e sua família estavam fazendo todo o possível para desbaratar os planos dos
tiranos. Rogou ao Conselho que continuasse lhes ajudando. Logo Anu agradeceu
aos Etéreos pelo amparo à Terra e pelo asilo que lhe estavam dando a Anu e a
seu filho Enlil.
Todos
os do Conselho compreenderam que na situação da Terra estavam envoltos não
somente seus habitantes. Também se entendeu que se a espécie humana podia
liberar a si mesmo, os efeitos da tirania que agora rondavam por todo o sistema
solar pleyadense, diminuiriam. Anu e Enlil retornariam no tempo para liberar os
líderes dos numerosos mundos pleyadenses e ajudariam na liberação de suas
terras.
Era
hora de uma mudança no equilíbrio do universo. As forças da luz estavam prontas
para vencer as forças da escuridão, por um tempo. Era o fim do Kali Trampa, o
fim de um período de jogo na mente do Primeiro Criador.
Continua...
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